quarta-feira, 4 de outubro de 2006


redon
pra mari.
no primeiro entardecer de outubro
ouviria sozinho
o cantar das cigarras
em lenta retirada
despertando a próxima estação

(sobre o caderno de desenho
um terno de memórias e alguns lápis-de-cera
era o que restara do sorridente menino
na alma baldia daquele espantalho)

6 comentários:

Anônimo disse...

lúdico. e belo.

m.t. disse...

O menino piscou os olhos com força e os arregalou ao ver que seu jardim estava florido.

Eram de cera seus lápis, como as frutas em cima da mesa, que quis desenhar para pendurar na parede. desenhou seu coração com vermelho rubro, mas ficou com medo ao pensar que um dia ele pudesse virar de cera, quando não soubesse mais sorrir criança, e rasgou em pedacinhos o papel. catou-os todos e soprou ao vento, que os espalhou no jardim. Desejou jamais crescer, porque os adultos esquecem da vida entre as flores da sua infância; e sorriu, primaverando o coração.

Ivã Coelho disse...

Todo espantalho encerra em si o símbolo da vida: fertilidade. Ao menos para os que estão vivos. Seus poemas vão além dos símbolos...


Bom!

Abçs

Saramar disse...

O menino nunca se vai da alma do poeta, permanece neste espantalho colorido, guardando a vida que ainda vai brotar.


beijo

Anônimo disse...

Imagens lindas as que crias!

Luzzsh disse...

Oi Douglas,

Ainda bem que, além da alma baldia, restaram alguns lápis-de-cera. (Sempre é tempo de começar um novo desenho)...

Beijos...