terça-feira, 27 de janeiro de 2009


imagem de maria helena duque


- vire as páginas do livro. muitas, ao mesmo tempo.


- você acredita que assim suportaremos a dor?


- veja, a palma das minhas mãos. há muito aprendi existir uma única linha que diz sobre o nosso destino.


- por que sofrem tanto os que ficam?


- só a morte escapa ao sofrer.


- quanto pesa estar vivo?


- aqui, foi neste ponto que nossas vidas encontraram-se.


- não vejo nada, tens as mãos fechadas.


- guardo sonhos pra que possas sonhá-los.

sábado, 10 de janeiro de 2009


imagem de redon
- não sei como abraçar-vos.

- lembro de quando eras criança, te levava à praça de manhã bem cedo. havia um cachorrinho, estava sempre por lá. sorrias ao vê-lo, deixando o céu mais azul.

- ontem fizerdes aniversário e mesmo assim, não vos abracei.

- tens a ternura da tua mãe, isso me faz saudoso.

- estou preso aos meus demônios?

- o primeiro presente que te dei foi um carrossel. passei meses guardando dinheiro para comprá-lo. eu nunca tive um carrossel.

- minhas noites são insones. tenho medo de sonhar. sonambulo pela realidade, oco até a alma.

- quando tua mãe morreu, quis esconder-me da dor. mas, eras tão criança. como poderia fazê-lo?

- minhas cicatrizes crescem ao contrário. embruteço dia após dia.

- há lugares que escapam à memória. sei existir um arco-íris lá.

- salvai-me de mim?

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009


- estás distante ou há céu demais entre nós dois?
- apenas amo-te, desesperadamente.
- por que escondes, então?
- o tempo nos conduz ao fim, não vês?
- o que vejo são estrelas cadentes pedindo pra serem sonhadas.
- minhas pálpebras selaram a noite por dentro, como sonhar?
- vem, deita em meus ombros.
- há silêncio aqui.
- e não é o silêncio,paridor de horizontes?



imagem de ramón hidalgo