segunda-feira, 30 de outubro de 2006



ao meu irmão andré
na pele
o menino encena
passarinhos
o canto das cigarras
a fluidez dos girinos
enquanto busca
as trilhas do destino
pelas vértebras
da infância poente

segunda-feira, 23 de outubro de 2006


no seu mundo de criança
a cor felicidade
escorria pelos dedos
pintores de céus
e poesias que nasciam
esparramadas pelo chão

terça-feira, 17 de outubro de 2006

PEQUENA CANÇÃO
(À MENINA QUE AMANHECE MEUS GIRASSÓIS)

abro buracos no céu
pra ter você
mais perto dos sonhos

desenho trilha de nuvens
pra que a chuva
caia sob teus pés

enfeito de sol os teus olhos
pra que as sombras
repousem longe de ti

arremesso pirilampos ao acaso
pras estrelas cadentes
colorirem o teu mar

(sobrevive em mim a insensatez da poesia)

quarta-feira, 11 de outubro de 2006

UM CANTO DE PRIMAVERA,
GUARDADOR DE MANHÃS

I
piruetas fazia
brincando entre as estrelas
tendo a lua ao seu dispor
era assim que o menino
inventor de auroras
desenhava palavras
colorindo poesias
com os pés descalços de chuva

II
mas eis que a vida cresceu
sem deixar espaço algum
para que ele pudesse crer
naquilo que sonhava
porque a felicidade
de fato não veio
e a vida estatelou-se
sob os olhos miúdos do sol

quarta-feira, 4 de outubro de 2006


redon
pra mari.
no primeiro entardecer de outubro
ouviria sozinho
o cantar das cigarras
em lenta retirada
despertando a próxima estação

(sobre o caderno de desenho
um terno de memórias e alguns lápis-de-cera
era o que restara do sorridente menino
na alma baldia daquele espantalho)