segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008


quando a infância deixa de sorrir
murcham os sonhos
crescem os homens
morrem as auroras
fica o céu.



imagem de ramon hidalgo

domingo, 3 de fevereiro de 2008



nossas mãos tinham o tamanho dum rompante
de andorinhas infinitando o céu,
azul...
azul...

éramos irmãos feitos de nuvens
descobrindo no lamento da chuva o nascer do arco-íris
brincando de faz-de-conta num mundo que cabia
no canteiro de flores do nosso jardim

[o vento fracionando o tempo
trazia coisas pequenas aos nossos olhos
– gafanhotos e formigas-de-fogo
folhas de outono e auroras
cirandas e girassóis –
acomodá-las na caixa de lápis de cor
transformava o desconhecido em poesia,
o fantasiar por um triz ]

só não desconfiávamos que os sorrisos caducariam aos montes
calando-nos no peito o cantar das cigarras
roubando-nos na alma a meninice emprenhada de sonhos
e fé.


imagem de fernando diniz