domingo, 3 de fevereiro de 2008



nossas mãos tinham o tamanho dum rompante
de andorinhas infinitando o céu,
azul...
azul...

éramos irmãos feitos de nuvens
descobrindo no lamento da chuva o nascer do arco-íris
brincando de faz-de-conta num mundo que cabia
no canteiro de flores do nosso jardim

[o vento fracionando o tempo
trazia coisas pequenas aos nossos olhos
– gafanhotos e formigas-de-fogo
folhas de outono e auroras
cirandas e girassóis –
acomodá-las na caixa de lápis de cor
transformava o desconhecido em poesia,
o fantasiar por um triz ]

só não desconfiávamos que os sorrisos caducariam aos montes
calando-nos no peito o cantar das cigarras
roubando-nos na alma a meninice emprenhada de sonhos
e fé.


imagem de fernando diniz

5 comentários:

Maria disse...

lindo, lindo, lindo...principalmente o que está dentro dos colchetes...

Anônimo disse...

E meus olhos azuis estão aqui, desbotando. Roubaram-me a meninice, o brilho, a vontade. Dou queixa à polícia?

(vou te linkar, tá?)

Beijos.

Beth Kasper disse...

Realidade dura mas verdadeira.
fantasia versus realidade e vivas a você que genialmente coloca isto em poesia.
Parabéns!

Camila disse...

"só não desconfiávamos que os sorrisos caducariam aos montes
calando-nos no peito o cantar das cigarras
roubando-nos na alma a meninice emprenhada de sonhos
e fé."

bem bonito isso..

beijos daqui...

A Palavra Certa disse...

Olá!

Belas Palavras, sinto sons e sentidos.

Adicionei seu blog nos meus links!

Daniela Milagres