domingo, 27 de agosto de 2006


pra hanna v.
uma canção distante
e sem nome
há pássaros
que não fogem
ao sol poente

observam
o que as estrelas trarão
sem ninguém saber

a eles pertence
a iluminura incontida
d’outras auroras

terça-feira, 15 de agosto de 2006

ilustração de kent harfst



CIRANDA DO ESPANTALHO SONHANDO



eu descobri nos teus cílios o sol da minha infância

terça-feira, 8 de agosto de 2006


tarde poente
, pelas ruas da cidade-velha
vejo-te sozinha
a caminhar
de mãos dadas
com o que vive
nas memórias

do rasgo de sombra
dos paralelepípedos
da pequena igreja
e do rio escondido
por trás das paredes em ruínas
dessas casas abandonadas
esquecidas no tempo

esse mesmo tempo
que reluta em passar
como que de propósito
só para te deixar ali
qual fotografia


que não posso abraçar

que não posso sonhar

que não posso amar


(guardo comigo um punhado de felicidade
que será nossa, eu sei
FELICIDADE
escrita em azul-saudade
porque azul-saudade é a cor do céu
quando o sol adormece
nas ruas estreitas
e silenciosas
que a chuva logo mais
irá molhar)

sexta-feira, 4 de agosto de 2006


merello
frágil
cada vez mais
por dentro de ti
pois sei das noites
o grito distante
(olhos de relva)
ruptura
fascínio
um só ruído
horizonte
NASCENDO